Wednesday, May 18, 2016

RELATO DE EXPERIÊNCIA-COMO FAZER?

ESCOLA ESTADUAL ANTÔNIO THOMAZ FERREIRA DE REZENDE
EJA-EDUCAÇÃO DE JOVENS ADULTOS-ENSINO MÉDIO NOTURNO-LÍNGUA PORTUGUESA-PROF. MÁRDEN
RELATO DE EXPERIÊNCIA-COMO FAZER?


1) Relato de experiência é feito em 1ª pessoa, de forma subjetiva, detalhada, geralmente com linguagem coloquial (informal). O assunto é abordado de forma a destacar a participação ou o ponto de vista do enunciador (emissor) sobre o que é relatado, ou seja, sobre o fato ocorrido no passado. Por isso, o tempo verbal é o pretérito perfeito.

2) Faz parte dos gêneros pertencentes ao domínio social da memorização e documentação das experiências humanas, situando-as no tempo. Servem de exemplos de gêneros dessa natureza: diários íntimos, diários de viagem, notícias, reportagens, crônicas jornalísticas, relatos históricos, biografias, autobiografias, testemunhos etc.

3) Em seu relato de experiência, fique inteiramente à vontade para fazer a inserção de figuras, gravuras, fotos etc.

PRODUÇÃO TEXTUAL

Faça um relato de experiência vivido por você na sua escola, bairro, cidade, comunidade, igreja, associação, local de trabalho e afins. O texto do relato de experiência deve apresentar de modo claro: sujeitos envolvidos, objetivos, descrição da experiência/ação, resultados obtidos ou esperados e/ou desafios e inquietações. Peça ajuda ao seu educador/educadora e divirta-se!

Primeiro exemplo de um relato de experiência:

MINHA PRIMEIRA PROFESSORA (PAULO FREIRE)
A primeira presença em meu aprendizado escolar que me causou impacto, e causa até hoje, foi uma jovem professorinha. É claro que eu uso esse termo, professorinha, com muito afeto. Chamava-se Eunice Vasconcelos (1909-1977), e foi com ela que eu aprendi a fazer o que ela chamava de "sentenças".
Eu já sabia ler e escrever quando cheguei à escolinha particular de Eunice, aos 6 anos. Era, portanto, a década de 20. Eu havia sido alfabetizado em casa, por minha mãe e meu pai, durante uma infância marcada por dificuldades financeiras, mas também por muita harmonia familiar. Minha alfabetização não me foi nada enfadonha, porque partiu de palavras e frases ligadas à minha experiência, escritas com gravetos no chão de terra do quintal.
Não houve ruptura alguma entre o novo mundo que era a escolinha de Eunice e o mundo das minhas primeiras experiências - o de minha velha casa do Recife, onde nasci, com suas salas, seu terraço, seu quintal cheio de árvores frondosas. A minha alegria de viver, que me marca até hoje, se transferia de casa para a escola, ainda que cada uma tivesse suas características especiais. Isso porque a escola de Eunice não me amedrontava, não tolhia minha curiosidade.
Quando Eunice me ensinou era uma meninota, uma jovenzinha de seus 16, 17 anos. Sem que eu ainda percebesse, ela me fez o primeiro chamamento com relação a uma indiscutível amorosidade que eu tenho hoje, e desde há muito tempo, pelos problemas da linguagem e particularmente os da linguagem brasileira, a chamada língua portuguesa no Brasil. Ela com certeza não me disse, mas é como se tivesse dito a mim, ainda criança pequena: "Paulo, repara bem como é bonita a maneira que a gente tem de falar!..." É como se ela me tivesse chamado.
Eu me entregava com prazer à tarefa de "formar sentenças". Era assim que ela costumava dizer. Eunice me pedia que colocasse numa folha de papel tantas palavras quantas eu conhecesse. Eu ia dando forma às sentenças com essas palavras que eu escolhia e escrevia. Então, Eunice debatia comigo o sentido, a significação de cada uma.
Fui criando naturalmente uma intimidade e um gosto com as ocorrências da língua - os verbos, seus modos, seus tempos... A professorinha só intervinha quando eu me via em dificuldade, mas nunca teve a preocupação de me fazer decorar regras gramaticais.
Mais tarde ficamos amigos. Mantive um contato próximo com ela, sua família, sua irmã Débora, até o golpe de 1964. Eu fui para o exílio e, de lá, me correspondia com Eunice. Tenho impressão de que durante dois anos ou três mandei cartas para ela. Eunice ficava muito contente.
Não se casou. Talvez isso tenha alguma relação com a abnegação, a amorosidade que a gente tem pela docência. E talvez ela tenha agido um pouco como eu: ao fazer a docência o meio da minha vida, eu termino transformando a docência no fim da minha vida.
Eunice foi professora do Estado, se aposentou, levou uma vida bem normal. Depois morreu, em 1977, eu ainda no exílio. Hoje, a presença dela são saudades, são lembranças vivas. Me faz até lembrar daquela música antiga, do Ataulfo Alves: "Ai, que saudade da professorinha, que me ensinou o bê-á-bá' (Paulo Freire, publicado pela Revista Nova Escola em dezembro de 1994).

Segundo exemplo de um relato de experiência:




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